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Mostrando postagens de março, 2005

_ana beatriz [conto]

UM São Paulo, junho de 2004. Há muitos anos não fazia tanto frio na cidade como fez neste mês. O sol do fim do dia faz força para esticar-se preguiçoso até onde a vista alcança, ao longo de todo o rio, verdejando o gramado do jóquei-clube e amarelando a superfície irregular dos prédios soporíferos. Do lado de trás da Av. Rebouças há sombras, apenas. Sombras que esfriam mais a cada minuto morrido do dia. Dois homens se encontram em uma das salas de uma casa branca e grande. - Claro que lembro! Como esquecer?!?! Alguns pacientes extrapolam a aura que os limita a tal posição e ganham minha afeição. Sou um homem moderno, não nego: talvez isso seja considerado anti-ético. Mas veja, as relações humanas são baseadas no conhecimento, no entendimento, na conversa. E se sempre e com todos que vem aqui eu sou sempre ouvidos, nada mais natural que algumas destas pessoas se destaquem e me façam realmente chegar a sentir falta de nossas conversas. Fazia frio. Mesmo protegidos dentro na sala quente,