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_sustância [poema?]

relógios relógicos
Substância do tempo
instância do instante
prismas numéricos

ponteiros pesados
apontam, persistem
perfuram a massa
insustentável
da vida passando
entrando
saindo
andando

sombra solitária
navegando terra adentro
procurando um refúgio

lunar


dígitos despidos
repetem
repetem
repetem
concordam contínuos

relógios, relógicos
parados
não mudam o tempo
a nos comer


***

Comentários

Talita Pinheiro disse…
Comer?
Penso em alguma coisa como engolir sem mastigar. Sabe, o tempo passa e parece que este embalo nada faz além de dar um puta sono. Letargia. Ou sei lá.
Vodca por favor...
Anônimo disse…
Mauro seu danado...
Esse poema também é meu, lembra?
Acho que a gente escreveu na praia e foi tomando cerveja.
Unknown disse…
É verdade! Desculpe, para vc ver que nem de tudo eu sei quem quer a autoria... rs.

Beijos. Te amo.

Mauro

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_contos noturnos [8/10]

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