2. Encontro de amigos O dia raiou cedo. Já fazia um tremendo sol às oito horas. Quando deu meio dia a favela era uma festa de roupas, lençóis, toalhas, panos de prato, camisas de times, tudo limpo e estendido nos varais improvisados que permeiam os becos; festa de crianças brincando na rua com a água suja que escorre pelas vielas; festa de barro vermelho, fumaça de fogões a lenha. Incêndios são comuns nas diversas favelas de São Paulo. E aí, Manivela! Fala, meu velho! Como é que 'cê tá? Manivela ganhou esse apelido ainda jovem. A mãe dele dizia que aquele era um morro de mulheres de coxas grossas. Afinal de contas, era um morro. E o manivela subia o morro atrás das garotas fazendo movimentos giratórios com a mão direita, como quem gira uma manivela, mesmo. Isso por todos os becos. E logo ficou conhecido como Manivela. Na miúda, Manivela, na miúda. Tem três que tão do lado de lá, no X. Eu tava junto, liga?! Mas aí, nem fico abalado, tá ligado? Vacilaram. E o que 'cê tá fazendo a...